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Professor de tênis de Goiânia é homenageado por Fernando Meligeni nas redes sociais

José Flávio Nunes, ou simplesmente Nunes, é um professor de tênis que trabalha em Goiás há exatos 30 anos. Entre os vários alunos que teve ao longo de sua trajetória, um em especial se destaca: Fernando Meligeni. Argentino, naturalizado brasileiro, alcançou o 25º lugar do ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), com uma semifinal do Grand Slam de Roland Garros e um título Pan-americano no currículo.

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Nesta semana, Fernando Meligeni resgatou uma foto antiga de sua infância e homenageou seu primeiro professor de tênis em sua conta no Instagram. Nunes, que é nascido em São Paulo, dava aulas no tradicional clube da Associação Hebraica, na capital paulista. Foi lá que, entre tantos alunos, ensinou as primeiras lições do esporte para aquele que viria a ser um dos maiores nomes da história do tênis no Brasil. O professor revela que mantém contato com Meligeni e que foi consultado antes da publicação da homenagem.

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– Até hoje nos falamos contato. Às vezes conversamos e lembramos das histórias de antigamente. Há poucos dias ele me disse que iria escrever um texto sobre mim, algo que estava dentro dele, que seria de coração. Fiquei emocionado – declara.

Fernando Meligeni foi treinado por Nunes até seus 14 anos, quando deixou São Paulo e retornou para a Argentina, sua terra natal, onde se dedicou integralmente ao esporte que o consagrou. Anos depois, Nunes recebeu um convite para lecionar tênis em Goiânia, para onde se mudou no ano de 1990.

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Hoje recebi algumas fotos e vídeos de quando eu tinha 8, 9 e 10 anos. Assim que recebi entrei em contato com o Nunes meu primeiro professor de tênis e ficamos bons momentos mandando mensagens e lembrando dessa época. Nos vídeos e fotos aparece um menino alegre, divertido, solto, curtindo estar no clube antes dos jogos sem pressão e aquecendo pro jogo jogando futebol com o adversário e outros meninos. Na outra lembrança vemos um menino batendo paredão com boleiros e mais risada. O Nunes era o incentivador de tudo isso. Os pais eram presentes mas tirando um ou outro sabiam que aquilo era muito mais que um jogo de tênis. Era a escola da vida. As diferenças para agora são enormes. Éramos felizes, sociabilizávamos, éramos amigos, tínhamos rivalidade, mas com coerência. Entendíamos que o tênis era um esporte para a vida. Não a vida era o esporte. Hoje ao conversar com pais, técnicos e jogadores vemos que a vida competitiva que a criança terá no futuro é colocada aos 10 anos. A pressão é mostrada, as frustrações precisam ser jogadas na cara. Perdemos a alegria dos meninos já cedo querendo que eles sejam o 1 do Brasil e já se ensina achar atalhos para a vitória ou se dar bem quando precisamos entrar no esporte e entender que 90 ou 90% desses meninos não serão tenistas, serão trabalhadores em diferentes áreas. Falta paixão e inteligência. Falta menos ganância e coerência ao incentivar um menino ao esporte. Precisamos entender que eles não são número ou futuros campeões. São crianças. Ah, mas será que se perde tempo? Será quero mundo mudou? Pode ser mas o humano é igual, os sentimentos de uma criança também. E hoje os pais e técnicos querem que as crianças não vivam as derrotas que os adultos tiveram. Desculpem mas com essa atitude além de derrotas eles serão tristes. Uma frase entrou e não sai mais nesta manhã de sábado. Fe, Você era feliz. Você queria estar lá brincando e fazendo seu melhor. Sem cobranças exageradas. Tênis era um aprendizado pra vida. Só depois virou uma profissão. Esse foi o nosso “pulo do gato”. Obrigado Nunes

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Tênis goiano

Durante os 30 anos que atua como professor de tênis em Goiás, Nunes se envolveu com a formação de tenistas infanto-juvenis e amadores no estado com participação em diferentes gestões da Federação Goiana de Tênis. Sua atuação sempre foi técnica, relacionada diretamente ao treinamento de atletas e atividades em quadra.

Atualmente, Nunes é professor de tênis no Country Clube de Goiás, localizado em Aparecida de Goiânia, na Grande Goiânia, onde tem alunos de diferentes idades e níveis de jogo. Com 59 anos de idade, afirma ter orgulho da profissão que exerce desde a adolescência.

– Entrei no tênis como pegador de bola, com seis anos de idade. Aos 15, comecei a dar as primeiras aulas. Tenho prazer ensinar as pessoas a jogar e principalmente em torná-las vencedoras, seja em competições oficiais ou em torneios internos do clube – afirma.

Entre os atuais alunos de Nunes se destacam os infanto-juvenis Felipe Costa, Vitor Machado, Isabela Daher, Maria Flor, Gustavo Taleb e João Camelo, todos com pontos válidos pelo ranking da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). Por outro lado, José Silvestre é outro tenista de destaque do cartel de Nunes, já que o tenista de 79 anos é o número do Brasil na categoria 75+ em competições Senior promovidas pela Federação Internacional de Tênis (ITF na sigla inglesa).

Nunes ao lado dos membros da comissão de pais, presidente da CBT, Rafael Westrup e presidente da FGT, Alexandre Canário.
Futuro

Além de ministrar aulas de tênis, Nunes é integrante do departamento infanto-juvenil da FGT, na posição de Coordenador Técnico. Ele foi nomeado pela comissão de pais que gerencia a pasta, por sua experiência no esporte e envolvimento com atletas que estão envolvidos em competições oficiais. Apesar de elogiar o trabalho que vem sendo realizado e o nível técnico dos jogadores, revela ser muito difícil produzir um tenista que atue em alto nível.

-Temos excelentes jogadores em Goiás. Atletas com bom nível técnico que estão ganhando torneios pelo Brasil e até fora do país. Não posso dizer que eles não têm capacidade de chegar longe, já que os resultados são muito positivos. No entanto a maior dificuldade no país é o investimento. O gasto é muito alto e chega um momento em que é necessário focar no esporte. É preciso treinar em dois períodos, para competir em igualdade com os adversários – declara.

Para Nunes, a falta de segurança na carreira de tenista e a ausência de investidores que fomentem o esporte fazem com que muitos talentos sejam desperdiçados.

-Vemos atletas com potencial, mas é uma escolha muito difícil para a família. Já vi muitos pais de tenistas falirem em Goiás tentando investir na carreira dos filhos. Por esse motivo muitos bons jogadores param de jogar e partem para carreira mais sólidas, com base nos estudos. Acabam se tornando médicos, engenheiros, advogados ou empresários – analisa.

O professor de tênis avalia também que há uma parte muito importante do processo que cabe ao jogador. Para Nunes o tenista precisa aguentar a pressão do esporte.

– Quando o tenista chega ao circuito profissional é preciso jogar ao menos uns 4 anos para ver se aguentará a pressão que o esporte impõe. É preciso manter constância de resultados, equilíbrio emocional e estar preparado para renunciar a uma parte da sua vida social e não se render a atrativos que o façam perder o foco no esporte – finaliza.

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Ítalo Ramalho
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás e Especialista em Comunicação e Multimídia, pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Assessor de Comunicação da Federação Goiana de Futebol. Apresentador do Programa Go Smash, de Tênis (https://www.facebook.com/gosmashtenis/).
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