Em fevereiro deste ano, um incêndio em um alojamento do Ninho do Urubu, CT do Flamengo, vitimou 10 atletas do clube entre 14 e 17 anos de idade. E neste domingo (17), o Brasil se sagrou campeão da Copa do Mundo Sub-17 com jogadores do rubro-negro carioca. Dentre eles, dois importantíssimos para a conquista: Lázaro, autor do gol de classificação nas semi e o decisivo da final, e Daniel Cabral, volante que é uma das lideranças do grupo, apelidado como “pulmãozinho” pelo plantel.
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Diante deste momento marcante, um título mundial, os flamenguistas não se esqueceram de homenagear aqueles que infelizmente faleceram no incêndio. O mais velho entre os mortos era Rykelmo (17), volante do time sub-17 do Urubu. O atleta era muito amigo de Cabral e Lázaro e será lembrado para sempre pelos que aqui ficaram.
Daniel Cabral, o camisa 5 da seleção campeã, passou toda a Copa do Mundo com uma chuteira com o nome de Rykelmo, seu eterno amigo. Na final, acabou utilizando o próprio pisante, mas vai fazer questão de guardar bem a lembrança mais especial que tem do amigo.
“Me sinto realizado. Acho que dentro de campo consegui representá-los muito bem. Levei todas as vontades e sonhos deles para o gramado e saí com esse título maravilhoso. Gostaria dedicá-lo a família dos 10, Rykelmo, Jorge e todos que se foram. Hoje joguei com a minha chuteira, mas a do Rykelmo está guardada e vou colocá-la na minha estante. Ele merece um lugarzinho bem especial dentro da minha casa”, revelou o volante Daniel Cabral.
Lázaro: Iluminado pelos amigos
Quem também dedicou o título mais importante de sua carreira para os amigos falecidos foi Lázaro, estrela da conquista. Foram dos pés do camisa 20 que saíram os gols que deram a classificação do Brasil, de virada, sobre a França nas semi e o tento na final, nos acréscimos do 2º tempo, que levou a Canarinho ao tetra. O atacante flamenguista revelou um momento de muita emoção com muita sensibilidade, quando ainda estava sentado no banco de reservas durante a decisão.
“Vou jogar por esses moleques pelo resto da minha vida. Quando eu estava ali no banco, não sei nem se vocês vão acreditar, mas do nada me veio na minha cabeça o Rykelmo. Antes de tudo acontecer, era um parceiro com quem eu estava brincando no quarto, zoando, xingando e implicando. Hoje eu sei que todos eles estão lá no céu e eu sei que também me abençoaram neste momento. Me empurram ali para o golzinho. Quando aconteceu (o incêndio), me lembro de uma publicação. Falei que cada gol meu seria para eles. Então eu decido esse para os meninos”, revelou Lázaro, em tom emocionado.
Na ponta da chuteira, literalmente ou não, os meninos do Ninho do Urubu serão sempre lembrados e amados pelos heróis do título no sub-17. A saudade permanece, mas as lembranças e legados também.