A história do automobilismo brasileiro também pode ser contada pelas mulheres. Pilotos como a paulista Bia Figueiredo, na Stock Car; as paranaenses Débora Rodrigues e Márcia Arcade, a pernambucana Danusa Moura e a gaúcha Cristina Rosito, na Truck; escreveram seu nome no esporte e demonstraram que as pistas podem ser um espaço feminino.
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Única mulher nas pistas em 2020, Débora Rodrigues contou sua história ao Esporte Goiano.
A paixão pelo caminhão corre nas veias da piloto e é uma herança de família: “A paixão por caminhão é uma coisa que eu já nasci com ela, porque eu quase nasci na boleia. Eu sou filha, sobrinha e irmã de caminhoneiro. Então, eu cresci no caminhão e dirijo desde os 12 anos de idade”, afirmou.
Segundo Débora, ela nunca se imaginou como piloto de automobilismo, mas sempre gostou de acelerar e brincar de moto no interior do Paraná. “Na verdade eu nunca me imaginei piloto, porque a gente sabe que o automobilismo é um esporte caro e eu não tinha condição nenhuma. Então, eu nem sonhava em ser piloto. Mas eu sempre gostei de acelerar e fazer minhas brincadeiras de moto lá no interior. Quando eu imaginava: ‘ah se você pudesse ser piloto, você faria o quê?’, eu pensava em correr de motocross. Mas nunca me imaginei no caminhão (como piloto). Foi coisa do destino”, relatou.
O primeiro contato com a categoria Truck veio de forma inusitada. Durante uma gravação de um quadro comandado por Otávio Mesquita para o programa Domingo Legal, do então apresentador Gugu Liberato. “Eu acabei andando, pilotando o caminhão e lógico fiquei apaixonada pela coisa. Mas só consegui concretizar isso quando conheci o Renato Martins (esposo da Débora). Ele abraçou a minha ideia de querer correr e tudo mais. E foi como consegui participar da Truck”, disse Débora.
Copa Truck
A piloto de 52 anos, iniciou sua participação na categoria em 1998. Nesse período, outras mulheres como Márcia Arcade, Danusa Moura, Cristina Rosito e a uruguaia Carolina Canepa também disputaram corrida na extinta Fórmula Truck – atual Copa Truck.
Porém, nenhuma delas foi tão longeva quanto Débora, que há 22 anos pilota seu caminhão nos circuitos espalhados por todo o Brasil. “Essa trajetória é um retorno de todo o trabalho que eu faço junto com a minha equipe na pista. Tendo equipes eficientes, porque eu estava na RM Competições/Volkswagen. No ano passado eu mudei de equipe e fui para a AM Motorsport/Mercedes-Benz. Para você ficar 22 anos em uma profissão e se você não tiver competência, essa coisa de ser mulher ou deixar de ser mulher, acaba. Então, eu acho que o mais importante é o retorno do trabalho que eu faço nas pistas”, declarou.
Segundo Débora Rodrigues, o período pré-Copa Truck 2020 foi muito difícil de lidar, devido à perda dos patrocinadores. “Não tinha corrida, não tinha patrocínio, mas os custos continuaram. Eu fiquei sem nenhum patrocinador. Agora, que estamos retornando, estou conseguindo uma coisa ali e outra aqui. Mas está bem difícil. Viver de esporte em um país como o Brasil, onde só se reconhece o futebol, é complicado, não é fácil não”.
Etapa em Goiânia
Neste final de semana, sábado (15) e domingo (16), o Autódromo de Goiânia receberá a terceira e quarta etapa da Copa Truck.
De acordo com a piloto do caminhão #7, a preparação para as provas deste final de semana está sendo realizada com a mesma intensidade que vinha sendo realizada antes do início da temporada.
“Tivemos esse problema da pandemia e todo mundo parou. Nós não paramos, nós continuamos. Porque, embora não tivesse tendo corrida, os mecânicos da equipes são fixos. Então, durante esse período sem competições, mantivemos nossa equipe trabalhando”, relatou.
“Pilotar com a razão, não com a emoção…”
Os caminhões irão disputar quatro corridas, sendo duas na tarde de sábado (15) e duas na tarde de domingo (16), em um prazo de pouco menos de 24 horas. A piloto Débora Rodrigues fez uma análise do que pode acontecer nessa etapa especial em Goiânia.
Segundo a piloto da AM Motorsport, disputar duas etapas, quatro corridas no mesmo final de semana é um grande desafio para todos os pilotos do grid, pois “você não pode desperdiçar nada. É muita responsabilidade e você não tem margem pra erros. Então, você tem de estar pilotando e fazendo contas”.
Débora revelou ter um carinho especial pelo circuito goiano e falou sobre sua expectativa para a segunda e terceira etapas da Copa Truck.
“Eu gosto muito do circuito de Goiânia. Já estive vária vezes no pódio. Espero estar no pódio novamente, principalmente nesse final de semana. Quero fazer uma homenagem ao meu marido (o piloto Renato Martins) que não poderá estar na corrida, devido a problemas de saúde. E gostaria muito poder dedicar esse pódio para ele. Então, eu vou estar com a faca nos dentes”, afirmou.
Débora Rodrigues, também, deixou um recado especial para os seus fãs que não poderão estar presentes no Autódromo de Goiânia: “É muito triste correr sem a torcida, sem o público. A impressão que eu tenho, quando acordo, vou pra pista e vejo a arquibancada vazia é que o mundo acabou e eu fui a única sobrevivente. Então é muito triste e depressivo. Mas nós temos que continuar para o bem da categoria e para levar um pouco de alegria, pelo menos, pela TV. Eu sinto muita falta da galera. Para mim, a energia do público e o calor humano da torcida são duas coisas insubstituíveis”.
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