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segunda-feira, novembro 25, 2024
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Do Novo Mundo à Tailândia: a história de Rhuam “Show”, bicampeão mundial de muay thai

O goiano Rhuam Felipe é dono de mais uma bela história de superação pelo esporte. Nascido e criado no Jardim Novo Mundo, em Goiânia, ele encontrou, ainda criança, uma maneira de deixar as ruas pelo muay thai. Doze anos depois, com 21 anos, já coleciona dois títulos mundiais na Tailândia e um Campeonato Brasileiro.

 

O histórico mostra o tamanho do atleta. São 15 vitórias, um empate e apenas uma derrota, para um rival de peso, nas 17 lutas profissionais. Em quase 50 lutas, incluindo os cards amadores, são 45 triunfos e apenas três revezes.

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A relação entre Rhuam e o muay thai começou em 2008, quando o garotinho gordinho, aos nove anos, procurou o esporte para emagrecer. “Comecei num projeto social, com um cara que tem o coração enorme, que é o Jonathan Vozim. Ele começou no muay thay, que mudou a vida dele e de muitos no Novo Mundo”, conta.

A trajetória teve uma abrupta interrupção dali a dois anos, quando Vozim foi para a Tailândia. Rhuam ficou então mais de um ano sem treinar a arte marcial. “Fui jogar bola, participar de circo. Quando ele voltou, eu não queria mais muay thai”, revela. Depois de muitas tentativas, o treinador persuadiu o garoto a voltar à luta.

A partir dali, as coisas começaram a mudar. Rhuam passou a treinar numa academia bem equipada no Setor Marista e, em três anos, conheceria Jack, que o impulsionou para a carreira profissional. O primeiro convite para lutar fora do estado, em São Paulo, surgira ali, com o novo treinador. “Nunca havia saído de Goiânia. Meu olho até brilhou”, relata.

“Comecei a treinar como gente grande, três horas por dia”. Apesar da rotina árdua, Rhuam ainda esperou mais um ano para ir a São Paulo. Aos 16, Jack o convidou para a Tailândia, mas o atleta teve que declinar após o veto dos pais, que pediram que ele concluísse os estudos antes. Finalmente, aos 17, o jovem foi liberado para ir ao nascedouro da arte marcial pela qual se apaixonou.

Foi na Tailândia que Rhuam se tornou profissional. Além da recompensa financeira, veio também o título, defendido com sucesso no ano seguinte.

Lesão e superação

Após o feito na Ásia, Rhuam voltou ao Brasil com uma lesão no joelho e preferiu dar uma pausa no esporte. Se engana, porém, quem acha que o período de um ano sem lutar foi prejudicial. “Foi bom para mim. Voltei com novos focos”.

Logo em seguida, o atleta conheceu Victor Hugo Santos, seu atual treinador, e já estipulou uma meta. “Falei para ele: ‘vou ser o melhor lutador do ano'”. E assim Rhuam o fez, com seis vitórias em seis lutas em 2019. A premiação foi entregue em março deste ano.

O know-how adquirido na curta e brilhante carreira atraiu também outros amantes do boxe tailandês. No início, nos treinos com Victor Hugo, muitos não levavam tão a sério. Depois, a história mudou. “Tinha um grupo no WhatsApp chamado “treininho de migué”. O pessoal só treinava mais ou menos. Depois, todo mundo começou a gostar. Todo mundo começou a treinar e virou “treininho sem migué”. Aí virou competição”, lembra.

Novas metas e retribuição

A pandemia de Covid-19 adiou o sonho do goiano de retornar à Tailândia. Ele havia se planejado para viajar no meio deste ano, mas as restrições inviabilizaram. Mesmo assim, Rhuam não desiste. “Estou trabalhando. Vou fazer uma rifa, vender materiais e correr atrás para voltar para lá”, conta.

O atleta atua também como Personal Fighter. No cenário ainda carente de lutas no muay thai brasileiro, a profissão é o que mais rende. Daqui seis ou sete anos, Rhuam sonha em retribuir à sociedade o que recebeu de Vozim e Jack.

– Eu fui lapidado. Eu acho que tenho esse dever de lapidar alguém também. Talvez não se torne um lutador tão grande, mas vai aprender a disciplina e determinação que cada um tem que ter na vida. Quero montar uma academia e projeto para tirar os meninos da rua. Fazer como Jack e Vozim fizeram comigo.

O muay thai já deu muita coisa a Rhuam, como disciplina, educação, oportunidade, fé e perseverança. No entanto, a luta pelo espaço no cenário profissional ainda não acabou. O grande objetivo é lutar nos majestosos estádios Lumpinee e Rajadamnern, históricas arenas do boxe tailandês. “Meu sonho é ser um competidor digno de lutar nesses estádios. Se eu lutar, vou querer sonhos maiores, ser tricampeão lá”, conta.

Para chegar lá, Rhuam Felipe, alcunhado de “Show”, promete repetir os desempenhos que lhe renderam o apelido. “Foi ainda na primeira luta. O Jack pediu para eu dar show. Fiquei com aquilo na cabeça: “vou dar show, vou dar show’. Lutei bem, ganhei, saí do ringue e falei: “E aí, Jack, dei show”. Todo mundo começou a tirar sarro de mim. Ganhei outras lutas, vieram outras histórias e ficou”.

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Rafael Tomazeti
Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Fã de esportes e apaixonado pelo estado de Goiás. Trabalhou na Rádio Universitária 870 AM, TV UFG, Rádio 730/Portal 730, Jornal Diário do Estado, Diário de Goiás e Rádio BandNews.
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