Retrospectiva Goiás: da decepção no estadual à classificação para a Sul-Americana

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Foto: Rosiron Rodrigues/Goiás E.C.
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O Goiás teve um ano de contrastes em 2019. No primeiro semestre, decepção com a a queda precoce na Copa do Brasil e a perda do título estadual um tetracampeonato. Por fim, ao término da temporada, o clube fez uma Série A sem sustos e, de quebra, se classificou para a Sul-Americana. Do início turbulento à conquista da América.

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Com o técnico Maurício Barbieri, o Verdão iniciou o ano com propriedade. O esmeraldino venceu os primeiros nove jogos que disputou no Goianão. Em contrapartida, caiu logo na 2ª fase da Copa do Brasil, nos pênaltis, ao ser eliminado pelo CRB na Serrinha. Porém, no estadual parecia tudo se encaminhar dentro da normalidade. Depois de quatro títulos regionais seguidos, o quinto demonstrava ser questão de tempo. Na 1ª fase, líder absoluto do Grupo A com 31 pontos – 10 vitórias, um empate e uma derrota em 12 jogos.

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Apesar disso, a irregularidade de alguns atletas, como as do goleiro Sidão e do meia Marlone, fizeram com que o time caísse de rendimento na fase decisiva. Depois de passar com tranquilidade das quartas e das semi por Aparecidense e Goiânia, respectivamente, veio o clássico com o Atlético na final. E o Verdão sentiu o golpe. Após derrota por 4 a 0 no agregado (3 a 0 e 1 a 0), o Dragão levantou a taça e, a partir de então, o Goiás seria remontado para a disputa da Série A.

O recomeço do Goiás

Com a perda do Campeonato Goiano, a primeira cabeça a cair, como de praxe, foi a do treinador. Maurício Barbieri deixou o time com 73% de aproveitamento – 14 vitórias, dois empates e quatro derrotas em 20 duelos. Porém, os dois revés na decisão pesaram. Para seu lugar, a diretoria trouxe Claudinei Oliveira, que foi demitido do esmeraldino em situação similar de Barbieri em 2014.

O goleiro Sidão, criticado por falhas pontuais, foi emprestado ao Vasco. A solução do Goiás foi um arqueiro com destaque no Paulistão pela Ferroviária de Araraquara. Tadeu chegaria ao Verdão para ser um dos grandes nomes do irregular 2019.

E na Série A, como esse ano houve Copa América no Brasil, o campeonato teve de ser parado para a disputa da competição sul-americana de Seleções. E tudo ocorria bem até àquela altura. Quando iniciou o recesso, o Goiás estava na 6ª colocação, posição que o colocaria na Libertadores do próximo ano. Até aí, vitórias importantes contra clubes tradicionais, como Fluminense, Botafogo, Athletico Paranaense e Chapecoense.

Porém, a Copa América não parece ter feito bem ao alviverde goiano. Logo no primeiro jogo da volta do Brasileirão, derrota para o futuro campeão Flamengo por 6 a 1, na estreia de Jorge Jesus no Maracanã. Pouco tempo depois, o placar se repetia, dessa vez a favor do Santos, na Vila Belmiro. A defesa exposta e a queda brusca de rendimento custaram o emprego de Claudinei Oliveira. Desta vez, aproveitamento de 47%, com cinco vitórias, cinco derrotas e dois empates na Série A.

O casamento perfeito

Na 13ª rodada, um velho conhecido assumiu o comando técnico do Goiás. Tratava-se de Ney Franco, que subiu o time à Série A em 2018 após três anos consecutivos na Segundona. A partir dali, alguns tropeços e más atuações, mas o treinador mineiro reanimou o Verdão na elite do futebol brasileiro e deixou o time bem longe, o tempo todo, da zona de rebaixamento.

No início do ano, apontado como sério candidato para cair, o Goiás de Ney Franco lutou por Libertadores até a 37ª rodada, a penúltima do Brasileirão. Com soluções caseiras, como o volante Gilberto Júnior e o centroavante Rafael Moura, velhos conhecidos da torcida, Ney deu outra cara para o esmeraldino. Com o técnico, o Verdão terminou a Série A na 10ª colocação, com 52 pontos somados. Na última rodada, o comandante entrou em campo com uma camisa com os dizeres “Soy Loco por ti América”. Afinal, o Goiás está de volta à Copa Sul-Americana, competição na qual foi finalista diante do Independiente em 2010.

O fenômeno Michael

O Goiás montou uma espinha dorsal que o fez ficar na Série A. O goleiro Tadeu se destacou nas defesas, o zagueiro Rafael Vaz com gols decisivos, o volante Gilberto Júnior como guardião da defesa e Léo Sena como a cabeça pensante de um plantel aguerrido. Tem também os atacantes Leandro Barcia e Rafael Moura. Se Barcia se destaca com garra e disciplina tática, Moura com a experiência, fazendo seu tradicional pivô e os gols de cabeça. Mas ninguém se destacou mais no Goiás de Ney Franco do que o atacante Michael, de 23 anos.

Se Michael já foi destaque no vice-campeonato do Verdão no Campeonato Goiano, nem se fala no Brasileiro. Foi o artilheiro e o líder de assistências do clube no nacional. Foram nove gols, ao lado de Rafael Moura, e cinco assistências. Além disso, o mato-grossense foi quem mais driblou na Série A. Superou nomes tradicionais no quesito, como Dudu e Éverton Cebolinha. Michael desferiu 99 dribles em 35 jogos, sendo 74 certos – aproveitamento de 74,7%, segundo dados do Footstats.

Por isso e todas as suas jogadas plásticas, o atacante de 23 anos conquistou o título de Revelação da Série A pelo Bola de Prata da ESPN e pelo Prêmio Brasileirão, organizado pela CBF. O Corinthians, que disputará a Libertadores em 2020, já está de olho em seu futebol.

Defesa exposta 

Apesar do bom campeonato de nomes como Tadeu e Rafael Vaz, o sistema defensivo do Verdão deveu na Série A. O goleiro Tadeu até foi o que mais conseguiu defesas difíceis na competição e foi destaque dentro de sua posição. Mas nem isso salvou o Goiás de um dos seus piores desempenhos defensivos em sua história na elite do Brasileiro.

Neste Brasileirão, o alviverde sofreu 64 gols. Para se ter uma ideia, esse número só é mais positivo do que as duas campanhas recentes culminadas em rebaixamentos – 2010 e 2015. Nessas edições, o esmeraldino levou 68 gols, apenas quatro a mais da campanha de 10º lugar neste ano.

Números do Goiás nesta temporada

64 jogos oficiais – 55,20% de aproveitamento.
32 vitórias
10 empates
22 derrotas
91 gols marcados
87 gols sofridos

Michael foi o artilheiro do Goiás em 2019 com 16 gols.

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