A incrível temporada de 2019 faz com que a lutadora goiana Keila Calaça sonhe com as Olimpíadas em 2020. Bicampeã sul-americana, campeã estadual, segunda colocada no Brasileiro Interclubes e vice da Copa Brasil, a atleta será uma das titulares brasileiras no Trials para o Pan-americano.
Neste ano, Calaça também teve a oportunidade de treinar em Cuba, com a seleção local, referência no Wrestling. “É uma experiência e aprendizado que levo não só para os tapetes como para a vida. O nível técnico é altíssimo e as exigências físicas também o que tem feito a diferença além do carinho e amizade que todos têm por mim”, disse.
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A experiência com as atletas de elite será fundamental para que Calaça realize o sonho de se qualificar para os Jogos Olímpicos de 2020. “O sonho de qualquer atleta de alto rendimento de modalidades olímpicas sem dúvida é disputar uma Olimpíada, esse sempre foi meu sonho, estou trabalhando duro para conquistar”, afirmou a atleta.
Confira a entrevista de Keila Calaça na íntegra
EG – Keila, como você avalia sua temporada 2019?
Bastante produtiva já que em janeiro me classifiquei como titular no Trials 2019 para o Pan-americano. Depois fui campeã goiana e bicampeã sul-americana, além do vice-campeonato no Brasileiro Interclubes e Copa Brasil 2019. Me mantive entre as melhores atletas do país do wrestling indo agora para a disputa da titularidade no início de 2020 para os Pré Olímpicos. Não tive todos os resultados que queria, mas o importante é estar no grupo e agora poder disputar a vaga da categoria.
EG – Recentemente, você participou, e com sucesso, do Sul-Americano e Do Brasileiro Interclubes de Wrestling. E em um intervalo pequeno entre um campeonato e outro. Como lidar com esse pequeno período de descanso e como manter o foco para vencer tudo?
Para mim foi muito bom essa sequência de competições porque elas possibilitam que eu possa corrigir os erros e me manter em ritmo de luta. Ano passado também tive resultados bem expressivos no Canadá assim lutando um fim de semana atrás do outro, me sinto bem com essa rotina. Cansam um pouco as viagens, mas também dá pra se acostumar com os aeroportos e hotéis. Mas teve dia que eu não sabia bem em que país estava quando acordava se em Cuba, Brasil ou Chile. Demorei uns segundos pra me localizar e vi que já estava em Natal-RN. Foi engraçado.
EG – Com 18 anos de carreira, vários títulos a cada ano que se passa, como é representar o estado de Goiás mundialmente?
É uma das coisas que me deixa mais orgulhosa poder representar nosso querido estado de Goiás e o Brasil. Sempre foi meu sonho compor a seleção brasileira e ouvir o hino do Brasil do lugar mais alto do pódio é uma sensação indescritível e nesse momento eu sou Goiás e o Brasil e represento cada um. Com os resultados sei que sou espelho para as futuras gerações principalmente de Goiás que podem ver que é possível para elas também. A cada dia a modalidade vem se desenvolvendo no estado e fico muito feliz por isso, sei que esses resultados contribuem para divulgar o wrestling e incentivar a prática e além disso também pelas mulheres, porque quando elas veem outra mulher praticando luta se sentem encorajadas a também tentar e se apaixonam pela modalidade.
EG – Também recentemente, uma experiência incrível para sua carreira. Pôde treinar com os cubanos. O que você tirou de proveito deste período com uma das referências do esporte?
Antes do Sul-americano passei um longo período em Cuba treinando com a seleção olímpica cubana que são os melhores atletas do continente da modalidade, os resultados vieram. É uma experiência e aprendizado que levo não só para os tapetes como para a vida. O nível técnico é altíssimo e as exigências físicas também o que tem feito a diferença além do carinho e amizade que todos têm por mim, só tenho que agradecer a esse povo tão caridoso e amável que me acolheu como parte deles.
EG – Vem aí o Trials. Como está a expectativa pelo torneio seletivo para o pré-Olímpico? Como está a preparação? Onde você treinou?
Estou muito feliz em estar convocada para o Trials que esse ano, devido à proximidade e exigências dos qualificatórios olímpicos, é fechado apenas para os campeões das categorias olímpicas selecionadas pela Confederação. Tem sido um longo processo que se iniciou para mim já após as Olimpíadas de 2016 e durante todo esse tempo tive momentos muito difíceis a nível pessoal. Com a perda da minha mãe que era o motor de tudo, realmente pensei se continuava ou não, então o Trials e a disputa de vaga com outra atleta de nível internacional me deixa bem animada e focada. Esse semestre com toda essa correria passei somente duas semanas em Goiás, tive agora uma mini férias se posso assim dizer de uma semana para rever a família e relaxar um pouco. Agora já estou de volta aos treinamentos e passo mais um Natal e Ano Novo treinando, nesse momento estou em SP mantendo os treinamentos para a seletiva.
EG – Além do trials e a expectativa por Tóquio 2020, o que você espera para o próximo ano? Acha possível a ida para as Olimpíadas? Que torneio tem para disputar em 2020 e o que espera, de forma geral?
O sonho de qualquer atleta de alto rendimento de modalidades olímpicas sem dúvida é disputar uma Olimpíada, esse sempre foi meu sonho, estou trabalhando duro para conquistar. Para chegar a Tóquio além de ganhar o Trials temos algumas competições de ranking mundial e preparatórios internacionais para os Pré-Olímpicos como na Itália em Cuba o Pan-americano e depois os Qualificatórios Pan-americanos e Mundiais, muitas vezes as pessoas não têm noção do quão longo e exigente é o processo para qualificação olímpica, por isso sempre exalto a todos os demais colegas de equipe que também estão em busca desse sonho que é a coroação de uma carreira desportiva.
EG – De onde surgiu esse amor pelo wrestling?
Eu sempre fui apaixonada por esportes desde criança, mas quando cursava a Faculdade de Educação Física da UFG tive contato com o Wrestling por intermédio do professor Alejo Morales, cubano, que era o técnico da seleção brasileira na época em 2001, nesse período os atletas da seleção viam para Goiânia treinar com ele e um dia assisti um treinamento e me encantei com a mistura de força e habilidade e fui convidada pelo professor a começar a treinar, desde então sigo lutando.
EG – Qual o legado e o recado que você deseja passar para quem se inspira em você, uma referência do esporte do nosso estado?
Minha mensagem vai principalmente para a meninada que tá iniciando, nem sempre é fácil, mas que apesar do longo caminho o que fica são as experiências e as pessoas que também passaram por ele ao seu lado, pq não é só lutar no dia da competição vai muito além disso é seu desenvolvimento como ser humano e isso você levará para a vida. Não desistam no primeiro obstáculo.