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Goiano supera mais de 40 cirurgias e quer voltar a brilhar no para-powerlifting

Atos Campos tem uma das maiores histórias de superação do esporte goiano. Em 32 anos de vida, foram mais de 40 cirurgias, mas isso não o impediu de brilhar no esporte e conquistar medalhas em várias modalidades, desde o tênis de mesa ao powerlifting.


O atleta nasceu com mielomeningocele, uma doença congênita que causa má formação na coluna vertebral. A condição o fez desenvolver hidrocefalia e, com isso, vários problemas de saúde ao longo dos anos. Os primeiros sinais vieram em 2007 e, em 2012, ele chegou a ficar mais de duas semanas em coma induzido.

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Por cinco anos seguidos, entre 2007 e 2012, Atos sofreu com febre alta quase que diariamente e chegou a ter convulsões. Os médicos suspeitaram de leucemia, leishmaniose e outras doenças. Quando internado no hospital, o goiano contraiu pneumonia bacteriana nos dois pulmões, teve os rins paralisados e ainda sofreu com uma infecção generalizada.

Depois de ter superado o momento mais difícil da vida, o atleta melhorou. As válvulas cirúrgicas inseridas na cabeça para tratar a hidrocefalia, suspeitavam os pais, estavam infectadas. Quando os médicos foram convencidas a trocá-las, Atos não teve mais problemas.

Desde pequeno, sempre gostou de esportes. “A deficiência em nada me atrapalha a fazer as coisas. Desde criança, sempre fiz tudo só. Meus pais me ensinaram a fazer tudo e nunca reclamei da minha deficiência”, disse ao EG.

Ao longo dos anos, Atos conquistou diversas medalhas em competições de corrida, natação e foi até campeão goiano de tênis de mesa. “Sempre participei de outros esportes, mas não gostava tanto”, disse ele, lembrando que o powerlifting é o grande amor.

A inspiração para o levantamento de peso veio de um tio que era fisiculturista, falecido em 2015. Com a morte do mentor, ele passou a praticar a modalidade. Inicialmente, o sonho era também se dedicar ao fisiculturismo, mas os planos mudaram.

“Quando eu comecei no esporte, queria ser fisiculturista como meu tio, mas eu tenho dificuldade de emagrecer e definir. Aí entrei no powerlifting, também porque tenho muita força”, revelou o atleta.

Por dois anos, Atos competiu no para-powerlifting. Ganhou diversos títulos e participou de competições do Comitê Paralímpico Brasileiro. Porém, parou em 2017. Dois anos depois, mais adversidades apareceram. O pai faleceu em 2019. Em 2022, a mãe o deixou. Sem eles, o suporte que existia ruiu. “Mesmo assim não desisti e sempre treinei”, afirmou.

Em abril deste ano, Atos voltou ao circuito e levantou 100 kg – um recorde pessoal – para conquistar o título estadual. Até 2017, a melhor marca era 85 kg. No fim do ano, o atleta disputará mais uma vez o Goiano. “Meu objetivo é levantar mais peso para, no ano que vem, poder voltar a competir pelo Comitê Paralímpico”, disse.

O sonho de Atos, que vive com um auxílio do governo, ainda esbarra na dificuldade de patrocínio. Hoje, ele conta apenas com o apoio da academia que frequenta. O atleta treina perto de casa, uma vez que não pode arcar com transporte para a Adfego, e não é cobrado pelo uso do espaço. Todavia, ainda precisa de apoio para suplementação e nutrição esportiva. A cadeira de rodas utilizada por ele já tem 15 anos e está quebrada.

“Fiz uma ‘gambiarra’ e amarrei com alguns fios, mas há momentos em que eles se soltam e preciso colocar de novo”, conta. “Fiz uma vaquinha, mas não consegui nada”, completa.

O atleta tem feito uma campanha de arrecadação. O Pix é [email protected] – Atos Guilherme Costa Campos.

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