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terça-feira, abril 23, 2024
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Para-taekwondo ganha espaço e já é realidade em Goiás

Durante a 1ª etapa do Campeonato Goiano de Taekwondo 2017, uma luta prendeu a atenção de todos os presentes, incluindo dos outros atletas. Foi o combate entre Bruno Guimarães Rodrigues, o Bruninho, que tem Síndrome de Down, e João Pedro Caldeira, que tem tetraplegia mista. Os dois fizeram uma disputa exibição, que serviu para divulgar o para-taekwondo.

Desde o dia 1 de janeiro de 2017, a Federação Goiana conta com um novo departamento: o Para-Taekwondo. A modalidade vai estrear nas Paralimpíadas nos jogos de Tóquio-2020.
(Foto: Vitor Monteiro/Esporte Goiano)

Faustho Feliz, responsável por coordenar a seção, falou sobre a intenção da FGTKD com o paradesporto e revelou que a procura tem aumentado. “É buscar a inclusão social, mostrar que o até então deficiente físico, mental, é um cidadão, mesmo com suas dificuldades, tem os mesmos direitos. a intenção é mostrar que todos são capazes. A cada dia recebo mais telefonemas, contatos de pessoas falando sobre paratletas que estão começando. Goiás é um Estado bem rico de atletas. É complicado falar de números, mas a procura é muito grande”.

Mestre Faustho, como é conhecido, falou das diferentes categorias do para-taekwondo. “Os atletas com deficiência mental fazem o poomsae, que é a luta imaginária (apresenta sozinho). Outra categoria é a disputada pelos deficientes físicos, que estará nas Olimpíadas de Tóquio 2020. A única diferença é que ele não tem os membros superiores”.

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Vibração, destaque e disciplina

Conhecido nacionalmente, Bruninho, de 26 anos, conduziu a tocha olímpica na passagem pelo Estado de Goiás. O atleta de Ipameri chama a atenção desde os momentos de aquecimento dos atletas. Bastante concentrado, vibra efusivamente a cada golpe. Praticante do taekwondo desde os 11 anos, Bruno é considerado um exemplo para outros que tenham deficiências possam entrar no mundo dos esportes. Afinal, ser diferente é normal.

(Foto: Vitor Monteiro/Esporte Goiano)

Ex-lutador de caratê, Carlos Alberto Pereira Rodrigues, pai de Bruno, conta, orgulhoso, sobre a paixão do filho pelo esporte. “Tem 15 anos que ele pratica. Sempre quis mesmo praticar esporte. Taekwondo não é para caçar briga ou ficar violento. É uma fisioterapia, que vem servindo para superar as coisas através do esporte. É um esporte muito educativo. Fui lutador de caratê e hoje ele luta taekwondo. Acabou puxando um pouquinho o gosto pela luta. Sempre participando de campeonatos, vemos que a modalidade tem evoluído, o público tem aderido mais”.

Orgulho

“Pai coruja”, como ele próprio se define, Carlos é grato à algumas pessoas, que ajudaram Bruninho. “Sem desmerecer os outros, o mestre Edgar (Guimarães, técnico da Seleção Goiana) foi um incentivador, que buscou o Bruno e, junto com o Atila, atual professor dele. Cada lugar que ele luta, a recepção é muito boa, todo mundo respeita e demonstra muito carinho. Em relação a luta, não tem de passar a mão na cabeça dele. Ele sabe que tem regras e as segue”.

Mestre Faustho não poupou elogios na hora de falar sobre Bruninho. “É o nosso xodó. Começou a treinar com a gente desde novinho e hoje é faixa preta, com todos os méritos. Foi examinado como convencional, ou seja, não teve diferenciação de atleta com necessidade especial. A avaliação foi a mesma e ele cumpriu todas as metas. É muito dedicado, super empolgado e é uma referência para Ipameri, para o Estado e para todo o Brasil. É muito gratificante termos um atleta como o Bruno, que serve de exemplo. Vários outros Brunos estão aparecendo”.

Evolução graças ao esporte

(Foto: Vitor Monteiro/Esporte Goiano)

Natural de Barra do Garça-MT, o garoto João Pedro Caldeira é outro atleta do para-taekwondo. Ele esteve presente em Goiânia durante o estadual e é outro grande exemplo de superação e do quanto o esporte pode ajudar na evolução, como conta a professora Joice Brito Silva. “Contar com ele na nossa academia e poder participar desses eventos foi uma grande satisfação, pois ele é uma criança especial. Quando ele começou a trabalhar comigo, era cadeirante, não andava ainda. Ele tinha muita dificuldade no psicomotor. Foi um grande desafio para nós, que não estávamos preparados para atender uma criança especial. Abraçamos a causa e tem dado muito certo”.

De uma escolha da mãe, o taekwondo se transformou em uma paixão para João, que hoje é faixa verde (4ª faixa da modalidade). “Era meio desmotivado porque não conseguia brincar com outras crianças. A mãe procurou a academia por conta do tatame, já que ele não machucaria caso caísse. A partir do momento que ele começou a desenvolver a coordenação motora e o cognitivo, a mãe apaixonou. O João treina uma hora e meia todos os dias e, se marcar treino no sábado, ele faz questão de treinar também. Faz questão de se esforçar também na escola, porque cobramos isso”.

“Nosso intuito é que ele gradue mais e possa socializar ainda mais com outras crianças, que gostam dele, gostam de lutar com ele. Ele participa normalmente, sem qualquer tipo de exclusão. Sempre tentamos incluir ele no processo, para o motivar mais e mais. Todos têm capacidade de competir e estarem incluídos. Temos de abrir a mente, nos qualificarmos mais para que todos possam participar”, finaliza Joice.

Vitor Monteirohttps://esportegoiano.com.br/
Jornalista formado pela UFG (Universidade Federal de Goiás). Co-fundador do site Esporte Goiano, comentarista da TV Brasil Central e da Rádio Positiva FM. Trabalhou também na Rádio Universitária 870 AM, TV UFG, Rádio 730/Portal 730, Rádio Sagres, TV Sagres, jornal O Popular, MyCujoo, Eleven Sports e Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel) de Goiás.
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